Este não é um momento para gestores e empresários entrarem em pânico e paralisarem. Para além de não resolver nada, apenas toldará a lucidez tão necessária nestes momentos difíceis.
É necessário fazer uma avaliação cuidada da situação em que se encontra a empresa (variará imenso de caso para caso), para que as decisões a tomar sejam as melhores possíveis. No caso da emergência com que estamos a lidar podemos passar já por cima das suas causas, que são sobejamente conhecidas e passar ao plano de ação:
1 Avalie todas as despesas e atribua-lhes níveis de prioridade
As despesas não são todas iguais e a sua importância varia de empresa para empresa. A não ser que tenha uma situação financeira muito excedentária, não vai conseguir fazer face a todos os seus pagamentos numa situação de redução tão drástica de nova faturação e de recebimentos dos créditos existentes. É altura de fazer escolhas. Identifique todos os tipos de despesa que tem e faça uma avaliação conforme:
o nível de importância para a continuidade da empresa;
a capacidade de corte imediato da despesa;
a possibilidade de suspensão temporária ou adiamento da despesa;
a capacidade de negociação com parceiros.
Sem querer substituir-me à avaliação de cada um, chamo a atenção que na situação que estamos a viver, todas as ajudas estatais implicarão a não existência de dívidas à Autoridade Tributária e Segurança Social, pelo que me parece deverem atribuir a estas a prioridade máxima.
As únicas prorrogações do prazo de obrigações fiscais conhecidas até hoje são:
Adiamento do primeiro Pagamento Especial por Conta de 31 de março para 30 de junho de 2020;
Prorrogação do pagamento do IRC para 31 de julho de 2020;
Prorrogação do 1º pagamento por conta de 31 de julho para 31 de agosto de 2020;
2 Aproveite todos os apoios disponíveis
Esteja atento a todos os programas de apoio que estão a ser lançados pelo Estado. No blog da Growfactor estamos a fazer um esforço para fazer a sua divulgação resumida o mais rápido possível e de forma organizada, para que cada empresa possa consultar sempre que precise, perceba onde se pode enquadrar e possa seguir todas as suas evoluções.
Coloque nos favoritos os endereços das páginas e sites relacionados com esta situação, que vai recebendo e que lhe parecem enquadráveis no seu caso. (Por ex: Governo, IEFP, Segurança Social, Iapmei, etc...).
Haverá com certeza muitos apoios do Estado e novas linhas de crédito dos bancos. Não espere é que o dinheiro lhe chegue à conta amanhã. Entre o anúncio das medidas e o potencial recebimento irá mediar mais tempo do que imagina. Prepare-se para esta realidade quando identificar e priorizar as suas despesas, fizer os seus cortes e planear os seus pagamentos.
3 Negocie rapidamente com todos os parceiros
Sendo este um momento difícil para todos, partilhe os seus problemas financeiros o mais rápido possível com os seus parceiros: financiadores, fornecedores, entidades públicas, trabalhadores, etc....
A opção pelo silêncio contando que sejamos esquecidos na borrasca é uma ilusão. Acredite, é do interesse de todos estabelecer planos de pagamento praticáveis ou reestruturar dívidas. Quanto mais tarde fizer isso (provavelmente já estará em mora), mais difícil será obter o que pretende.
4 Rape o fundo ao tacho
Se quer sobreviver e acredita que o seu negócio vale a pena, então é altura de colocar em jogo todas as fichas. Se tem alguma reserva guardada, espaço para crédito de financiadores institucionais, amigos ou familiares, deve preparar já o terreno para a poder usar em último recurso.
Será um último trunfo a jogar, se a avaliação que for fazendo da evolução da situação o convencer que a resolução dos problemas depende apenas de um curto período de tempo.
5 Aproveite o que aprendeu e prepare a próxima emergência
Nem todos vão sair incólumes desta situação, mas os que saírem terão mais oportunidades para ter sucesso.
Depois de passar a tempestade vem a bonança e devemos preparar-nos o mais cedo possível para a retoma da atividade nos vários cenários possíveis. Alguns clientes poderão já não existir, mas também pode acontecer isso aos nossos concorrentes e fornecedores. O foco deverá estar centrado na correta leitura e análise da transformação do mercado envolvente ao nosso negócio. Só assim poderemos tomar as melhores decisões de retoma e normalização da atividade.
Devemos também fazer um esforço para minimizar o impacto de eventos futuros da mesma dimensão, corrigindo o que identificarmos como fatores que contribuíram negativamente para o desfecho final.
Apenas como exemplo de um pormenor que pode fazer a diferença na sobrevivência das empresas, se as empresas usassem software de gestão integrado baseado na cloud , o seu trabalho e o dos seus colaboradores poderia ser feito a partir de casa sem constrangimentos, sem despesas adicionais e com toda a informação disponível.
Muito boa sorte para todos neste período tão difícil, mas não se esqueçam
A sorte não existe. Aquilo a que chamais sorte é o cuidado com os pormenores.
Winston Churchill
Dicas para lidar com o stress financeiro